sábado, 8 de agosto de 2015

VIDA DE QUADRINISTA - parte 1: O INÍCIO


Desde sempre me identifiquei com os quadrinhos...Aprendi a ler antes dos 4 anos, através das leituras de quadrinhos que minha mãe fazia em voz alta para mim. Lia as tiras do jornal, depois do almoço e um gibi completo antes de dormir, escolhido com muito custo e indecisão por mim mesmo já de pijama e pronto para me deitar.

Acontece que a leitura de alguns gibis preferidos se repetia com mais frequência, dos quais eu já tinha memorizado certos trechos dos diálogos. Então passei a observar as letrinhas nos balões, ao mesmo tempo em que ouvia a voz da minha mãe repetindo (pacientemente) um texto que nós dois já estávamos carecas de saber. Acompanhando as letras nos balões e caixas de textos ao mesmo tempo em que ouvia a voz da minha mãe, possibilitou que eu entendesse a sonoridade de várias delas iniciando ali meu processo de alfabetização.

Movido pela curiosidade de ler outras revistas em quadrinhos e com o auxílio da enorme paciência dos meus pais, eu saí soletrando todas as palavras que via pela frente, sempre solicitando a presença de alguém para corrigir o que estivesse errado. No meu caso, os quadrinhos foram o incentivo para a minha alfabetização doméstica precoce.

Já aos 4 anos, criei meus primeiros personagens (iguais aos desenhos de qualquer criança nessa idade). Aí foi o meu pai que teve grande importância, analisando e comentando todos os meus desenhos, nunca deixou faltar matéria-prima para essa brincadeira e ainda enviava os eleitos mais bonitos para publicar no segmento infantil do jornal. Resultou em um aumento na produção e aos 9 anos eu já desenvolvia gibis com cerca de 30 páginas, com personagens próprios e histórias originais. 

O desenho ainda era horrível, mas a prática prosseguiu intensamente, ficando menos pior a cada ano.
Foi na adolescência que os desenhos passaram a chamar atenção e gerar elogios de amigos e vizinhos. As charges envolvendo colegas de colégio, trabalho, parentes e vizinhos eram inevitáveis (assim como algumas broncas dos homenageados inconformados). E foi por aí que surgiu um grande sonho de produzir um gibi que fosse degustado pelos brusquenses e leitores de cidades vizinhas, sem apelações (erotismo, perversão, agressividade, indução ao consumo de álcool ou palavrões) e sem erros gramaticais ou ortográficos. 

Mas eu nunca estava suficientemente satisfeito com o traço e com as idéias que estavam surgindo, adiando por vários anos esse projeto, porém o amadurecendo também.
(continua )
Aldo Maes dos Anjos em 1987, aos 12 anos.

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