Desde sempre me identifiquei com os quadrinhos...Aprendi a ler antes dos 4 anos, através das leituras de quadrinhos que minha mãe fazia em voz alta para mim. Lia as tiras do jornal, depois do almoço e um gibi completo antes de dormir, escolhido com muito custo e indecisão por mim mesmo já de pijama e pronto para me deitar.
Acontece que a leitura de alguns gibis preferidos se repetia
com mais frequência, dos quais eu já tinha memorizado certos trechos dos
diálogos. Então passei a observar as letrinhas nos balões, ao mesmo tempo em
que ouvia a voz da minha mãe repetindo (pacientemente) um texto que nós dois já
estávamos carecas de saber. Acompanhando as letras nos balões e caixas de
textos ao mesmo tempo em que ouvia a voz da minha mãe, possibilitou que eu
entendesse a sonoridade de várias delas iniciando ali meu processo de
alfabetização.
Movido pela curiosidade de ler outras revistas em quadrinhos
e com o auxílio da enorme paciência dos meus pais, eu saí soletrando todas as
palavras que via pela frente, sempre solicitando a presença de alguém para
corrigir o que estivesse errado. No meu caso, os quadrinhos foram o incentivo
para a minha alfabetização doméstica precoce.
Já aos 4 anos, criei meus primeiros personagens (iguais aos
desenhos de qualquer criança nessa idade). Aí foi o meu pai que teve grande
importância, analisando e comentando todos os meus desenhos, nunca deixou
faltar matéria-prima para essa brincadeira e ainda enviava os eleitos mais bonitos
para publicar no segmento infantil do jornal. Resultou em um aumento na
produção e aos 9 anos eu já desenvolvia gibis com cerca de 30 páginas, com
personagens próprios e histórias originais.
O desenho ainda era horrível, mas a
prática prosseguiu intensamente, ficando menos pior a cada ano.
Foi na adolescência que os desenhos passaram a chamar
atenção e gerar elogios de amigos e vizinhos. As charges envolvendo colegas de
colégio, trabalho, parentes e vizinhos eram inevitáveis (assim como algumas
broncas dos homenageados inconformados). E foi por aí que surgiu um grande
sonho de produzir um gibi que fosse degustado pelos brusquenses e leitores de
cidades vizinhas, sem apelações (erotismo, perversão, agressividade, indução ao
consumo de álcool ou palavrões) e sem erros gramaticais ou ortográficos.
Mas eu
nunca estava suficientemente satisfeito com o traço e com as idéias que estavam
surgindo, adiando por vários anos esse projeto, porém o amadurecendo também.
Aldo Maes dos Anjos em 1987, aos 12 anos.
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