"Perdi meu pai antes de nascer, cresci na pobreza... e ainda assim criei um personagem que fez um continente inteiro rir. ”
Minha história começa com uma ausência: a do meu pai, que morreu antes de eu nascer. Minha mãe ficou sozinha, sem dinheiro e com um filho para criar em pleno Chile dos anos 20. Cresci na pobreza, mas com uma imaginação que não cabia nos bolsos quebrados. Desenhava com carvão em papéis velhos, porque não tinha cadernos. E toda vez que a realidade me doía... Eu desenhava. 
Desde pequeno eu sonhava em ser desenhista, mas no meu país ninguém levava isso a sério. Disseram-me que a arte não alimentava. Tive que vender desenhos por moedas, ilustrar para revistas que nem assinaram meus créditos. E quando finalmente postei uma banda desenhada... foi um fracasso. Fiquei tão deprimido que pensei em desistir. Mas algo me dizia que ainda não era a minha última página. E então, em 1949, nasceu Condorito. Um pássaro com chapéu, engraçado, simples... mas com a alma de todos nós. 
Muitos gozaram. Disseram-me que Condorito era muito “básico”, muito “latino-americano”. Que eu nunca iria gostar fora do Chile. Mas eu insisti. E lentamente, o personagem começou a viajar mais do que eu: Peru, Argentina, México... Todos diziam "Plop"! e sorriam. Era como se aquele personagem que criei a partir da dor se tornasse uma ponte para conectar culturas. 
O mais difícil foi quando adoeci e vi outros ficarem com os créditos. Vi o Condorito em todo o lado... E a mim, ninguém me reconheceu. Mas nunca me importei com o foco, me importei com o impacto. Saber que fiz tanta gente rir... Já era o suficiente. E sim, fui órfão, pobre e rejeitado, mas também fui criador de algo eterno. 
"Não importa quantas vezes te digam que você não vale... se você acreditar no que faz, sua arte pode voar mais alto do que qualquer crítica. ” 
– René Rios Boettiger (Pepo), criador de Condorito
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