sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Gianesini entrevista o autor das Revistas CARTUM



Luiz Gianesini entrevista Aldo Maes dos Anjos,criador da revista Cartum – Nascido em  Curitiba – PR, em 10/11/1974, filho dos saudosos Aldo Hamilton Pereira dos Anjos  e Marila Yêda Maes dos Anjos; cônjuge: Vanessa Hames dos Anjos; dois filhos: Igor com 16 anos e Alice com 4 anos; ocupações atuais: Quadrinista, ilustrador, editor da revista CARTUM e vendedor de publicidade. Torce para o Brusque e Flamengo.


Aldo Maes dos Anjos, criador da revista Cartum
Sonho de criança?
Ver circulando uma revista em quadrinhos de minha autoria.
Como foi sua infância e Juventude?
Vivi até os 12 anos em um apartamento em Curitiba-PR, e com o falecimento do meu pai (1986), mudei-me para Brusque, na casa dos meus avós, no Santa Terezinha, onde residi até os 26 anos. Casei-me em 2000 com a Vanessa e passei a morar na rua Nova Trento com a minha família até hoje.
Pessoas que influenciaram?
Em muitas oportunidades tive a sorte de viver próximo de pessoas incríveis que me transmitiram muito conhecimento. A lista seria imensa. E seria injusto não citar todos.
Como conheceste a Vanessa?
O destino colocou ela no meu caminho. Foi paixão a primeira vista!
Histórico escolar?
1ª a 6ª Série – Colégio Marista Santa Maria (Curitiba – PR)
7ª e 8ª Série – Colégio São Luiz (Brusque – SC)
2º Grau – Colégio Estadual Santa Terezinha (Brusque – SC)
Matérias que mais gostava? E as que detestava?
Sempre me saí bem em Língua Portuguesa, especialmente com as redações. Nunca tive conflitos com nenhuma matéria.
Primeiro (a) professor (a)?
Minha mãe, que me ensinou a ler e a escrever antes dos 4 anos e a jogar xadrez aos 5 anos.
Grandes professores?
São vários, mas vou citar as 2 professoras que perceberam em mim algum potencial criativo e me incentivaram nas práticas artísticas: a professora Gleusa Fischer, no São Luiz e a professora Marlene Campos Moresco, no Santa Terezinha.
Como surgiu Brusque em sua trajetória?
Meu pai é de Lages, minha mãe de Canoinhas, mas os pais da minha mãe residiam em Brusque. Minha avó era de origem alemã (Werner) e meu avô de origem belga (Maes). Eu nasci em Curitiba-PR e passei a grande maioria das minhas férias escolares vindo a Brusque, meu destino preferido. Aqui em podia jogar bola, taco, e outras brincadeiras livremente pelas ruas e não havia perigo de assaltos. Eu adorava tanto vir pra cá que, em 1986, com o falecimento do meu pai, nem tive dúvidas em aceitar a mudança definitiva para Brusque, onde minha mãe teria a segurança dos meus avós. Nunca me arrependi disso, pois aqui encontrei as condições ideais para desenvolver o formato da revista CARTUM.
Como surgiu os quadrinhos em sua trajetória?
Minha mãe lia para mim desde os 3 anos de idade, as tirinhas do jornal, logo após o almoço, e uma revista em quadrinhos inteira antes de dormir. Foi assim que eu me alfabetizei e, logo aos 5 anos já desenvolvia minhas próprias revistas em quadrinhos com personagens originais, desenhados com caneta Bic, em folhas sulfite. Já projetava na imaginação como ficaria uma possível publicação autoral.

Aldo na produção da revista Cartum
Como veio ao mundo a Cartum?
Desde criança eu sempre tive o desejo de publicar uma revista com personagens próprios, o que na época parecia um sonho inalcançável. Mas segui praticando muito e acreditando neste objetivo. Com a primeira gravidez da minha esposa, surgiu a necessidade de obter uma nova fonte de renda que auxiliasse no orçamento familiar. Nessa época eu trabalhava com instalação de alarmes durante o dia e resolvi desenhar a revista nas madrugadas. Valeu a pena o esforço, pois em geral, muitas empresas nas quais eu instalei alarmes tornaram-se os primeiros anunciantes da revista, dando um imenso incentivo inicial. A revista foi seguindo aos trancos e barrancos e, por incrível que pareça, ela existe ainda hoje, 16 anos depois.
E o Cartum tem a ver com o Pasquim?
Tem muito a ver no sentido de que ambas as publicações botam o leitor pra refletir. Abordando temas diversos, a Cartum faz com que sua leitura torne-se um incentivo para se pensar a respeito de um determinado tema que não passaria pela cabeça normalmente: questões sociais ou mesmo comportamentos familiares são devidamente ponderadas, argumentados e replicados pelos personagens ao longo das páginas estimulando uma meditação mais profunda de como tal assunto se reflete em sua própria vida. A parte política eu deixo de lado porque a política deixou de ser piada faz tempo. Hoje em dia já se tornou um caso de polícia. O partido político que eu apoio é o bom senso e minha filosofia é da união nacional em torno da solução de tantos problemas, que, enfim, atingem a nós todos.
Como acontece os personagens?
Cada personagem apresenta uma peculiaridade da psicologia humana extremamente exagerada. Tem o pão duro, o pessimista, a fofoqueira, o esquecido, etc. O Pafúncio seria o estereótipo do malandro folgado. As atitudes e costumes de alguns personagens acabam associados a familiares e amigos dos leitores da Cartum.
Desde a abertura, quantas Cartum já foram publicadas?
Desde junho de 2001, até dezembro de 2016, foram publicadas 232 revistas diferentes, entre elas, 109 revistas CARTUM, 39 revistas LEITOR VIP, 20 revistas sobre a história local, 40 cartilhas temáticas, etc. Foram escritas e desenhadas 759 histórias em quadrinhos e foram distribuídos gratuitamente mais de 700.000 exemplares de revistas, incentivando o hábito de leitura em todas as idades.
E a ideia de personificar a cidade de Brusque?
Já foram apresentados quadrinhos sobre mais de 200 temas referentes à história de Brusque, ampliando os conhecimentos dos seus leitores, sempre com uma pesquisa resumida sobre cada assunto, feita por um historiador local, acompanhada dos quadrinhos divertidos, que ilustram ao mesmo tempo em que divertem. Tudo começou em 2010, quando por ocasião dos 150 anos da cidade, a então Secretária Municipal de Educação, Gleusa Fischer, desafiou este cartunista com um comentário despretensioso, ao sugerir uma revista Cartum falando sobre a história de Brusque. Em seguida, iniciou-se uma parceria inesquecível com o professor de história Robson Gallassinni (in memoriam) que resultou na Revista do Sesquicentenário, relembrando os 25 momentos mais significativos ocorridos na cidade. Ao todo, essa parceria gerou 8 revistas em 2 anos. Com o seu prematuro falecimento em 2012, as pesquisas da “Brusque Ontem” passaram a ser feitas pelos historiadores Marlus Niebuhr (ex-professor do Robson) e pelo Carlos Michel (parceiro e colega de faculdade do Robson), prosseguindo no objetivo de manter viva a memória local.

Lançamento do mapa BRUSQUE EM CORES
Quais os melhores livros que já leu?
Na adolescência, gostei muito de ter lido “A Profecia Celestina” (James Redfield) e “A Erva do Diabo” (Carlos Castañeda), entre outros. Achei muito criativo “O Homem que Matou Getúlio Vargas” (Jô Soares). Os livros que mais me impressionaram, pela riqueza de detalhes e narrativas bem costuradas, foram a trilogia “Paulo e Estevão”, “Há 2000 Anos” e “Cinquenta Anos Depois”, psicografados pelo Chico Xavier. A lista é grande e diversificada… “Adonai “(Jorge Adoum), “A Yoga de Jesus” (Paramahansa Yogananda), “A Cura Quântica” (Deepak Choppra), “A Verdadeira História de Lilli Zwetsch Steffens” (Saulo Adami)
O que está lendo atualmente?
Yogananda Autobiografia de um Yogue
Grandes nomes na literatura?
Na minha área, histórias em quadrinhos, considero os autores que mais me influenciaram: os brasileiros Mauricio de Souza, Ziraldo, Laerte, Angeli e Glauco Villas-Boas, e os estrangeiros Walt Disney, Will Eisner, Frank Margerin e Jano.
De que sente orgulho?
De ter me sustentado através dos quadrinhos, durante 16 anos, de uma maneira totalmente ética e honesta.
Algo que apostou e não deu certo?
Na mega-sena.
O que você aplica dos grandes educadores, das aprendizagens que teve no seu dia a dia?
A necessidade de organizar a minha vida, esclarecer os meus objetivos, bem definidos, dividi-los em etapas, perceber onde estão os obstáculos que tentam me deter, além de ter uma imensa paciência.
O que faria se estivesse no início da carreira e que não teve coragem de fazer?
Teria participado de mais eventos ligados aos quadrinhos em outros estados.

Grandes alegrias e tristezas?
A alegria maior é estar junto da minha família, fazendo um serviço que me dá um grande prazer em exercer e ter o suficiente para poder viver e ser feliz. A tristeza é olhar em volta, para o nosso país e ver os abutres que estão pousados nele, em diversos cargos públicos, sem a menor noção das consequências do seu crime egoísta, rapando os cofres públicos, tirando tudo o que é possível se carregar e deixando para trás um rastro de miséria e destruição.
O que o incomoda?
Desonestidade, inveja, trapaça e más intenções, em geral.
Qual a sua ambição?
Ampliar o quadro de assinantes, quem sabe atingindo outros estados.
Um resumo de sua trajetória pessoal e profissional até aqui.
Desde os 3 anos desenvolvi uma paixão pelos gibis e meu passatempo favorito sempre foi desenhar histórias em quadrinhos. Cheguei em Brusque aos 12 anos, em 1986, com uma respeitável coleção com mais de 1200 revistinhas. Sempre acreditei que algum dia circularia uma revista em quadrinhos de minha autoria. Em 1996, ao trabalhar no Stop Shop, o Ninho da Moda, tive uma feliz oportunidade de exercer a função de quadrinista remuneradamente, fornecendo charges e tirinhas para o jornal interno, que circulava nas lojas do shopping e incentivando uma produção mais constante do meu trabalho. Com o nascimento do meu primeiro filho, Igor em 2000, resolvi montar a primeira revista CARTUM utilizando as ideias acumuladas ao longo dos anos. A princípio, a revista foi trimestral, ficando bimestral a partir de 2005. Só se tornou mensal em 2007. Em 2010 houve o I Salão de Humor de Jaraguá do Sul, quando ganhei o prêmio de melhor História em Quadrinhos, concorrendo com artistas de alto nível técnico de todo o estado.
Costuma ler jornais?
Acompanho o Jornal Município Dia-a-Dia e os portais de notícias.


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