Segue na íntegra, a entrevista com o autor das revistas CARTUM feita pelo Vitor Hochsprung e publicada no segmento "Like" do jornal Municipio Dia-a-Dia em 30/03/2016:
1.
Aldo, onde surgiu o seu interesse pelo universo
dos quadrinhos?
O interesse surgiu a
partir da minha mãe que fazia leituras diárias dos quadrinhos dos jornais
depois do almoço e de gibis antes de dormir desde os meus 3 anos de idade. Por
conta disso já aos 4 anos, antes de entrar no jardim eu já sabia escrever, ler
e, é claro, desenhar.
Durante a infância
cheguei a ter mais de 2000 revistas em quadrinhos. Até os 15 anos eu já tinha
desenhado mais de 50 revistas em quadrinhos (numa média de 30 páginas cada) com
personagens próprios e roteiros originais. Com certeza é coisa de quem gosta
dessa atividade.
2. Por que você resolveu personificar a cidade de Brusque em
suas páginas, tanto no cenário, quando de maneira histórica, com a Brusque
Ontem?
A tiragem de cada
revista é de 3500 exemplares. Cada revista acaba sendo lida por diversas
pessoas numa mesma família, ou em salas de espera, por exemplo. Levando em
consideração tamanho alcance social, a revista CARTUM é projetada para levar
conhecimentos úteis aos seus leitores, prestando um serviço de utilidade
pública. No caso da “Brusque Ontem”, o objetivo é resgatar a memória local,
sendo fortalecida tanto nesta como nas próximas gerações.
Os cenários da
Brusque atual são para incrementar as histórias, mesmo, gerando uma curiosidade
no leitor de reconhecer os locais e as pessoas que são ali retratadas..
3. Considerando que muitas vezes as HQs são umas das
primeiras literaturas que passam por uma criança, qual você acha que é a sua
responsabilidade nesse ponto?
A ética é um
compromisso desde o início da revista CARTUM, oferecendo uma opção para
entretenimento sadio, sem palavrões, pornografia ou piadas de gosto duvidoso,
que já ocupam um espaço considerável na mídia em geral. Com certeza minha
responsabilidade é atrair os leitores de todas as idades com um bom humor
autêntico e agregar informações úteis que vão aumentar os conhecimentos destes
indivíduos.
4. Atualmente você trabalha com histórias cômicas que
retratam tanto o cotidiano, como a história brusquense. Por que escolheu o
estilo cômico? Você pensa em trabalhar com algo diferente, tipo Super Heróis?
Prefiro o estilo
cômico porque pretendo deixar os leitores mais leves do que estavam antes de
pegar a sua CARTUM, livrando-o de tensões e alimentando sua serotonina (o
hormônio do bem estar).
Super-heróis não
estão fora de cogitação. Mas não sou um admiror de super poderes da ficção.
Prefiro chamar de heróis os guerreiros do dia a dia: aqueles que cumprem
jornadas de trabalho esgotantes com um sorriso no rosto, contentes e
agradecidos. Aqueles que apesar de intensas dificuldades ainda conseguem ter fé
e visualizar um futuro melhor. E também os humilhados, os excluídos e os
injustiçados que apesar de tudo ainda conseguem perdoar e desejar o bem. Esses
são meus super heróis.
5. As personalidades retratadas na Cartum são diversas. As
ideias na criação de diversos personagens surgiram através das pessoas que te
rodeiam ou de outra forma?
São os estereótipos
sociais: os tipos que se vê em todo lugar... tem o pão duro, o comilão, o
pessimista, o obcecado pela limpeza do carro, o viciado na vida virtual, a
fofoqueira, etc.
A consequência é que
o leitor acaba se comparando aos personagens, refletindo até que ponto se
familiariza com tais comportamentos e quem sabe, corrigindo algum defeito.
6. Que dica você daria pra quem tem interesse em produzir
uma HQ?
Que pratique muito o
seu traço, pois a evolução é consequência da persistência.
E que se mantenha
aberto observando o mundo sem preconceitos, conhecendo outras culturas, outras
formas de pensamento, ouvindo os mais velhos, interagindo com todas as classes
sociais e todas as linhas de pensamento de uma maneira desapegada. Pois você
não produz uma arte para um grupo específico, e sim, para o mundo.